Quantas vezes, assistindo ao trailer de algum filme, vemos na tela ou ouvimos o locutor falar com sua voz retumbante “Baseado em fatos reais”. Essa pequena (e corriqueira) frase esconde um grande brincalhão da nossa comunicação, seja falada ou escrita: o pleonasmo vicioso.
O pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste na repetição desnecessária de termos, palavras ou ideias em uma frase, ou seja, é uma redundância. Alguns são tão evidentes que causam estranheza imediata, como “sair para fora”, “subir para cima”, mas a verdade é que essa pegadinha da Língua Portuguesa é mais comum do que imaginamos.
Traiçoeiro, o pleonasmo se esconde nas entrelinhas da nossa fala, saindo de forma automática e inconsciente. Apenas hoje, você pode ter soltado dezenas deles sem sequer imaginar. Confira nossa listinha – que não é nem metade dos pleonasmos existentes! – com alguns exemplos:
- Há alguns anos atrás, eu morava no Rio de Janeiro.
- Filme baseado em fatos reais.
- São pequenos detalhes que fazem a diferença.
- Aquele cara é maluco da cabeça!
- Só dar o acabamento final nesta peça e estará pronta.
- Nossa! Que surpresa inesperada sua visita!
- Amanheceu o dia!
- Encontrado o elo de ligação do homem com o macaco.
- Encare de frente seus problemas.
- Olhe com os olhos do cliente este anúncio.
- Inaugurou um novo restaurante nesta rua.
- Repita mais uma vez isso!
- Vamos dividir em duas metades.
- O habitat natural do leão é a savana.
- Ganhe um brinde grátis.
- Do incêndio, saíam grandes labaredas de fogo.
- Fica a seu critério pessoal responder ou não esta pergunta.
- Você abusa demais da minha boa vontade!
- Uma multidão de pessoas acompanhou o show.
Evitar os mais pleonasmos mais evidentes, como “entrar pra dentro” e companhia é sempre bom, afinal falar corretamente é sempre bom. Mas também não precisa começar a caçar pleonasmos na sua fala nem na dos outros. Nossa fala precisa ser o mais natural possível, para não parecermos frios, robóticos, duros. É só questão de fazer as pazes com esse pequeno vício de linguagem, aprender a conviver e também se divertir com ele, por que não?