Há uma frase muito famosa que o Google credita a um dos maiores músicos da história e ela se relaciona com a história de Tom Veiga e Louro José:
“Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida”
Quem proferiu esse brilhante pensamento é ninguém menos que Bob Marley, alguém que sempre abordou em suas músicas o amor, a paz e uma série de outros valores fundamentais para a existência humana, como igualdade social e preservação ambiental.
Saindo da figura do músico, entrando na área de arte e cultura brasileira, neste último domingo (01/11) o Brasil foi surpreendido com a despedida precoce, aos 47 anos, do querido artista Tom Veiga que interpretou por mais de 20 anos um dos maiores personagens brasileiros do horário matinal, parceiro de uma das maiores apresentadoras da história da televisão brasileira, Ana Maria Braga: o queridíssimo e carismático Louro José.
Como nasceu o personagem?
Criado em 1996 na Rede Record pelo próprio Tom Veiga, o papagaio malandro foi apadrinhado por Ana Maria Braga quando, em um dia nos bastidores da produção do programa Note e Anote, Tom Veiga que trabalhava na equipe pegou um boneco e começou a interpretá-lo, brincando com os outros produtores arrancando risos e gargalhadas.
Ana Maria Braga estava atrás de Tom e foi uma das que se divertiram com aquela brincadeira sem pretensões – pelo o menos para o futuro interprete. Logo em seguida ‘Namaria’, como Louro o chamava, já o intimou: “amanhã você entra no ar como Louro José, tá?”.
A apresentadora já procurava um bicho para falar com ela durante o programa porque o mesmo começava após desenhos infantis, então o fantoche seria uma ligação entre o público infantil e as mães que passariam a ver o seu programa. Ana já possuía um papagaio em sua casa há 25 anos que se chamava “Louro José” em homenagem ao seu pai de nome José. A química com o papagaio fictício foi tão grande que o sucesso da dupla foi questão de tempo.
A expressão da cultura brasileira impressa na personalidade carismático do papagaio
Louro José carregava na sua essência o bom humor do mau humor matinal, por mais ambíguo que isso seja. Era engraçado vê-lo bravo, alfinetando, criticando, zoando Ana e seus convidados. Tinha todos os traquejos que faziam com que os brasileiros se sentissem identificados em sua figura – era carisma puro.
“O Louro José é encrenqueiro, rabugento, chavequeiro, galanteador, mas é muito divertido, inteligente. Às vezes, quando eu revejo um programa, eu me pego dando risada. Eu dou risada com o Louro. O legal na personalidade dele é que cresceu, mas continua uma grande criança”, comentava Tom Veiga em depoimento ao Memória Globo.
O personagem que já tinha 24 anos de televisão brasileira à frente das câmeras será um ícone caricato lembrado por marcar gerações, pela sua originalidade e pela sua reverência. Tanto prestígio, inclusive, reconhecido em vida inúmeras vezes, de forma profissional, pelas grandes entrevistas e aparições que realizou – em 2011, por exemplo, chegou a entrevistar a Presidente da República, Dilma Roussef.
Uma figura feliz que deixa uma enorme saudade
Louro José não era um personagem que tinha gana de se mostrar, não era um personagem que roubava holofotes, pelo contrário, ele engrandecia quem estava ao lado dele – fosse Ana Maria Braga, fosse algum convidado do programa.
Não é por acaso que muitos famosos e profissionais que trabalhavam com Tom Veiga e consequentemente com Louro José afirmam que se sentiam especiais quando estavam próximos a ele, ele estava lá justamente para isso: exaltar com naturalidade o conteúdo trabalhado no programa de Ana Maria Braga e ser alguém com quem a apresentadora pudesse compartilhar seus pensamentos e anseios – uma gostosa, saudável e natural companhia.
Como na frase de Bob Marley abordada no começo do texto, tanto Tom Veiga como Louro José, mesmo como muitos dizem que eram duas personalidades bem distintas, ambos viveram não para que fossem notados. Enquanto Louro era um ótimo coadjuvante de Ana Maria, Tom Veiga ficava ali, embaixo de uma bancada, e mostrou raríssimas vezes sua feição publicamente.
Eles não viveram para que suas presenças fossem notadas, mas, com certeza, todo brasileiro sentirá muita falta. E que falta!
*A Vila Criativa lamenta muito o ocorrido com o artista e deseja muito amor, união e força para seus amigos e familiares.