Primeiro, temos o problema ambiental em si: falando apenas do Brasil, dessas 70 milhões de toneladas, 10% são descartadas em lixões controlados, 9% vão para aterros e apenas 2% são recicladas. O restante? Acaba sendo queimado, vai parar em lixões clandestinos, rios, mares ou é deixado a céu aberto, sem qualquer controle. A queima do lixo doméstico, por exemplo, é um hábito comum por aqui, principalmente em áreas rurais ou em áreas urbanas que não possuem coleta seletiva. Porém, além de ser proibido por lei, essa prática provoca sérios problemas ao meio ambiente, pois libera gases tóxicos e nocivos à atmosfera, acaba com o nutriente do solo, deixando a terra árida e destrói materiais que poderiam ser reaproveitados.
Segundo, há o problema financeiro: também em um estudo, a ONU apontou que até 30% das verbas municipais do planeta estão comprometidas com coleta de lixo (isso considerando áreas em que a maioria da população tem acesso ao serviço – a África, uma porção sudeste da Ásia e a América Latina são as regiões mais deficientes quanto ao recolhimento correto de resíduos domésticos). Em terceiro, o descontrole no descarte do lixo também ocasiona sérios problemas sociais. Por exemplo, em 2010, a cidade de Niterói foi palco de uma grande tragédia: casas construídas irregularmente sobre um lixão abandonado foram soterradas após a montanha de detritos deslizar sob uma forte chuva, vitimando 48 pessoas.
Essa é a história que circula pela internet: entre o Havaí e o litoral da Califórnia, flutua sobre o Oceano Pacífico uma verdadeira ilha de lixo, três vezes maior do que a França, sendo conhecida como Grande Ilha de Lixo do Pacífico. Felizmente, a história não é inteiramente verdade, porém não é menos assustadora. A “ilha de lixo do Pacífico” não é uma ilha em si, mas sim uma área do oceano que concentra grande quantidade de material plástico. Muitas fotos que circulam pela internet e redes sociais são erroneamente apontadas como provas da existência dessa ilha.
Não, não é uma ilha, mas existe, sim, uma grande área do Oceano Pacífico que é tomada por lixo. Seu nome oficial é Grande Porção de Lixo e, conforme a Superinteressante, cerca de 1,8 trilhão de objetos flutuam por ali, sendo 94% microplásticos (bolinhas pequenas e leves, que deixam a água opaca), ou seja, a região é uma espécie de sopa de sujeira diluída, não uma ilha necessariamente falando. Os 6% restantes são objetos com mais de cinco centímetros, então o que é realmente sólido é uma parcela pequena entre as 79 mil toneladas de resíduos que flutuam ali. Imagine como a realidade seria diferente se esse lixo todo tivesse sido reciclado ou descartado corretamente…
Porém, conforme informamos, a verdade não é menos assustadora do que a lenda urbana. O ecossistema do mar sofre grandes perdas devido a essa mancha de imundície. Animais, principalmente tartarugas e pássaros, morrem com a ingestão desses materiais e os peixes ali pescados tornam-se impróprios para consumo. A National Geographic recolheu uma jarra de água da região, onde esses microplásticos são visíveis.
Infelizmente, nem todos os materiais são recicláveis, seja por questões químicas ou higiênicas. Alguns exemplos são adesivos, papel higiênico, papel metalizado ou plastificado, isopor, pilhas, fotografias, esponjas de aço e de limpeza, placas de EVA, fraldas, entre outros. Esses materiais devem ser descartados no lixo comum, claro que de forma correta.
A separação de materiais recicláveis pode ser feita no ambiente corporativo, pessoal ou social. Em empresas, universidades ou parques, são encontradas lixeiras coloridas, designadas para facilitar a separação dos produtos recicláveis: azul para papéis, amarelo para metais, vermelho para materiais plásticos e verde para vidros. Em alguns casos, pode-se encontrar também uma lixeira cinza, destinada para o lixo orgânico, que são restos de alimentos ou materiais não recicláveis, descartados como lixo comum. Nas residências, dificilmente essas lixeiras específicas serão encontradas, porém os materiais podem ser separados à mão e entregues a cooperativas especializadas em reciclagem.
Se cada um fizer sua parte, abraçando e adotando a reciclagem no dia a dia, seja em casa ou na empresa, e ainda buscando plantar essa iniciativa nos demais, certamente o planeta e o futuro agradecem. A Vila Criativa já está fazendo sua parte… e você?